No período de chuvas, é comum observarmos um aumento significativo na
permanência das pessoas em ambientes fechados. Associado à variação de
temperatura e à umidade, isso contribui para o aumento da incidência de doenças
respiratórias e infecções intestinais, sobretudo em crianças. Por isso, a
Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio do Hospital Infantil Albert Sabin
(Hias), em Fortaleza, e do Hospital Região Norte (HRN), em Sobral, alerta para
a importância da prevenção e destaca a necessidade de atenção especial à saúde
das crianças durante esse período. O HRN é administrado pelo Instituto de Saúde
e Gestão Hospitalar (ISGH). Os vírus respiratórios, muitas vezes transmitidos pelo contato próximo
entre as pessoas, encontram condições propícias para se proliferar em ambientes
com maior umidade. Isso pode comprometer a eficácia do sistema imunológico,
tornando as crianças mais suscetíveis a infecções respiratórias. Além disso, a
presença de ácaros e mofo, comuns em locais úmidos, pode desencadear ou agravar
condições como a asma e a rinite, afetando a qualidade de vida das crianças e
aumentando a demanda por atendimento médico.
A coordenadora do Centro de Emergência do Hias, Érica Coutinho, ressalta
a importância de medidas preventivas e esclarece o momento ideal para procurar
atendimento médico. “Em casos mais leves, como resfriados, grande parte do
tratamento é sintomático. No entanto, se a criança desenvolver febre
persistente por mais de dois ou três dias, mostrar-se extremamente debilitada,
recusar alimentação ou apresentar esforço significativo para respirar, é
crucial buscar o Pronto Atendimento. Inicialmente, essa avaliação pode ocorrer
em uma unidade básica de saúde”, explica.
A pediatra também orienta sobre medidas preventivas que os responsáveis
podem adotar. “Manter uma alimentação e hidratação adequadas, evitar ambientes
muito aglomerados e contato com pessoas doentes são fundamentais, além de
garantir que as vacinas estejam em dia. Dentro de casa, a ênfase deve ser nas
práticas de higiene, como a lavagem frequente das mãos, especialmente durante a
preparação de alimentos, e o uso de álcool em gel quando água e sabão não estão
disponíveis”, destaca Érica Coutinho.
No caso de crianças já apresentando sintomas de resfriado ou infecções piratória mais leve, os pais podem intensificar a lavagem nasal para reduzir
secreções e evitar complicações. Além disso, devem administrar antitérmicos e
medicamentos para vômito conforme orientação do médico que acompanha a criança.
Para a pediatra, é fundamental destacar a importância de não subestimar
infecções respiratórias. “Em situações como essa, cada caso adicional
sobrecarrega o sistema de saúde como um todo. Neste período delicado, é crucial
que cada indivíduo faça a sua parte, evitando espaços coletivos se estiver
doente, para proteger tanto as crianças quanto o sistema de saúde como um
todo”, disse.
HRN
Referência única para casos de urgência e emergência pediátrica na
Região Norte, o perfil de atendimento da emergência pediátrica do Hospital
Regional Norte (HRN) é de crianças com quadros graves. “Somos a única
Emergência Pediátrica aberta em toda a macrorregião Norte”, ressalta a
coordenadora médica da emergência pediátrica do HRN, Inara Araujo Leandro
Gonzalez. Ela explica que crianças e adolescentes com idade até 13 anos, 11
meses e 29 dias são atendidos e estabilizadas no serviço e, dependendo do caso,
encaminhadas para a Clínica, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica ou
o Centro Cirúrgico do HRN — ou para outro serviço de saúde.
Além da Emergência Pediátrica, o equipamento também conta com 40 leitos
de Enfermaria e dez de UTI para este perfil. Na área Neonatal, são 39 leitos de
Enfermaria e dez de UTIs. Dentre as principais causas de atendimento, estão as
pneumonias, dores abdominais, as questões respiratórias e as doenças sazonais,
as conhecidas viroses. A equipe multiprofissional conta com médicos,
enfermeiros, técnicos em Enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas,
fonoaudiólogos e assistentes sociais.
A médica pediatra do HRN Ana Paula Oliveira ressalta que a febre
preocupa muito os pais, mas não é o principal sinal de alerta, e sim uma defesa
do organismo contra algum agente infeccioso. A febre, com temperatura a partir
dos 37,5 ºC, deve ser observada. “Esse sintoma, na maioria das crianças, até os
cinco anos, é de causa viral“, explica.
Uma das primeiras medidas para esses casos é a hidratação. Se após 30
minutos, a febre persistir, pode-se dar um antitérmico e observar. “O
importante é observar se há outros indícios preocupantes. A criança com febre
fica mais caída, mas quando passa, normalmente ela volta a brincar, a comer,
fica mais esperta”, afirma Oliveira.
Se mesmo quando a febre passa, a criança continua indisposta, com
irritabilidade excessiva, recusa alimentar, vômitos incoercíveis, dor no
pescoço ou muita tosse e cansaço, deve ir ao pronto atendimento, pois precisa
de avaliação médica. Além disso, segundo Oliveira, pacientes com menos de três
meses com febre também devem ser avaliados por um médico. “Se a febre não
melhora com antitérmicos ou há outros sinais de alarme, é necessário buscar
atendimento”, pontua.