A famosa expressão “criança gordinha é criança saudável” é na verdade um mito que traz um grande risco para a saúde. O sobrepeso e obesidade na infância podem não ter nada de saudável. Da mesma forma que no adulto, a obesidade infantil está associada ao maior risco de desenvolvimento de outras doenças ou condições perigosas como hipertensão, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, problemas nas articulações, refluxo esofágico e até alguns tipos de cânceres. No Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, unidade da Secretaria da Saúde (Sesa), administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), crianças e adolescentes acima do peso recebem orientação nutricional.
A médica
endocrinologista pediatra do HRN, Izabella Tamira, ressalta que, tanto na
infância quanto na vida adulta, a obesidade traz um risco aumentado de
desenvolvimento de outras doenças. “A obesidade na infância pode gerar
colesterol alto, diabetes, pressão alta, puberdade precoce, alterações ósseas e
risco de doenças cardiovasculares no futuro”, ressalta.
No HRN, os
pacientes têm as medidas antropométricas aferidas com base nas orientações da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e, em caso de desnutrição ou obesidade, há
uma atenção especial por parte da nutrição. “Diariamente na visita da nutrição
avaliamos se o paciente está conseguindo se adequar ao plano alimentar
individual ofertado e, quando não, fazemos as trocas”, explica a nutricionista
do HRN, Raíra Kirlly Cavalcante Bezerra. Dentro do perfil de pacientes
pediátricos do HRN, a grande maioria está no peso ideal (78,69%). Os desnutridos
são 9,11%, enquanto as crianças com sobrepeso representam 6,32% e os obesos,
5,88%.
Em alguns casos, em
especial de crianças com possibilidade de transtorno alimentar, há a
solicitação de avaliação psicológica por interconsulta durante a internação. Na
alta hospitalar, os pacientes com obesidade ou desnutrição recebem orientações
nutricionais. Além disso, crianças diagnosticadas com Alergia à Proteína do
Leite de Vaca (APLV) são encaminhadas para o programa estadual para
acompanhamento nutricional.
Internado no HRN em
virtude de uma crise de asma, Luís Miguel, de 7 anos, também passou por uma
avaliação nutricional e foi diagnosticado com obesidade. A criança, de 1,35m,
está com 53 kg, mais de 30kg além do peso ideal. Ainda bebê, ele foi
diagnosticado com APLV e foi acompanhado por um tempo pela nutricionista, mas
hoje não mais. A mãe da criança, a técnica de enfermagem Raquel Feijão, 31,
conta que evita doces e refrigerantes em casa, mas o filho acaba tendo contato
com os alimentos menos saudáveis fora de casa. “Ele come bem, come de tudo, mas
gosta muito de pão, pizza”, afirma. A mãe disse que pretende levar o filho a um
endocrinologista.
Segundo a
nutricionista do eixo pediátrico do HRN, Larissa Leite, a obesidade infantil é
um problema complexo que exige a participação ativa dos familiares. “Uma vez
que é na infância que os hábitos alimentares são formados, os pais são os
principais responsáveis pelos hábitos alimentares e escolha dos alimentos que
são oferecidos”, explica. De acordo com a profissional, é necessário introduzir
rotineiramente e gradativamente uma maior quantidade de alimentos saudáveis e
mais nutritivos, ao invés de industrializados e com alto índice de gordura;
estabelecer horários para as refeições. Também é necessário ter uma rotina de
sono de qualidade e praticar exercícios físicos.