segunda-feira, 22 de junho de 2015

O RÁDIO ESTÁ PERDENDO ESPAÇO? UM IMENSO PONTO DE INTERROGAÇÃO



(Anderson Cheni) - Há anos venho destacando aqui neste espaço a queda de audiência, de faturamento e, principalmente, de qualidade do meio rádio. E a cada novo evento como a Copa América, por exemplo, observamos que as exceções nos grandes centros vão diminuindo e não preenche uma mão sequer o número de emissoras que conseguem se destacar na cobertura. Afinal, os direitos de transmissão são caros, alguns afirmam que passam de R$ 120 mil (que são parcelados). E esse valor é só para transmissão de rádio; se quiser transmitir na internet, os valores podem passar dos R$ 70 mil após a conversão do dólar.

Quando é feita a soma com a despesa por pessoa para cobrir o evento, a conta assusta até os grandes grupos de comunicação. Por isso, poucos profissionais foram enviados para o Chile (lista ao fim da coluna). Mas será que vale a pena investir na cobertura do evento? E se a emissora não fizer, vai prejudicar o conteúdo e a marca da emissora? E se virar rede, vai perder a identidade? Vale a pena investir na seleção brasileira diante de tantos desgastes com o torcedor? São várias as perguntas que a direção e, principalmente, o departamento comercial fazem antes de tomar uma decisão. E a decisão pode pesar quando o carro-chefe da emissora é a notícia e o futebol.

Pesquisas que definem o público-alvo podem ajudar. Todos sabem que ouvir a transmissão com a equipe local pesa a favor. Se tiver um sotaque diferente do habitual ou uma voz desconhecida naquela transmissão, o ouvinte tem grande chance de optar pela troca de emissora. Arriscar em colocar um narrador de uma praça, o comentarista de outra e o repórter in loco pode ser arriscado tanto para a emissora quanto para quem ouve. Fazer tudo em “tubo” e não tomar cuidado com o som local é dar tiro no pé; a qualidade da transmissão com certeza será questionada. Optar em não fazer a cobertura arranha a identidade jornalística da emissora, pois para o ouvinte pouco importa se a seleção está jogando bem ou ruim, ele quer ouvir o jogo, o comentarista, o clima etc.

Duro mesmo é ouvir no momento em que a seleção está em campo assuntos como handebol ou a preparação da equipe de judô para o Pan-Americano. Ignorar a competição no domingo, dia mais importante do futebol, é algo triste, digno dos atuais “gênios” que como um câncer vão matando lentamente o já combalido meio rádio.  A chamada “economia burra” se encaixa no atual momento. Mesmo assim, vamos torcer por dias melhores. E viva o rádio!

Segue, abaixo, o levantamento feito pelo colega Edemar Annuseck com os profissionais e as emissoras de rádio brasileiras que estão cobrindo a Copa América no Chile:

Com mais de um profissional...

Itatiaia - Belo Horizonte

Milton Naves (narrador), Leonardo Figueiredo (comentarista), Wellington Campos e Bruno Azevedo (repórteres) e Cláudio Ribeiro (diretor-presidente da emissora).

Verdes Mares - Fortaleza

Kaio Cezar (narrador), Paulo Cezar Norões (comentarista), Ricardo Mora (repórter) e Altevir Mossoró (técnico).

Clube do Pará

Valmir Rodrigues (narrador) e Paulo Fernando (repórter).

Metrópole - Salvador

Salomão Batista (narrador), Renato Lavigne e Marinho Júnior (repórteres).

Somente repórteres...

Transamérica - São Paulo
Ivan Drago.

Gaúcha - Porto Alegre
José Alberto.

Globo - para a rede
Rafael Marques.

Tupi - Rio de Janeiro
Wilson Pimentel

Manchete - Rio de Janeiro
Osires Nadal


(*) Jornalista. Editor do blog Cheni no Campo, apresentador e comentarista da RIT TV, narrador do Portal Terra e colunista de esportes da Nossa Rádio FM. Com mais de 20 anos de atuação na cobertura esportiva, soma passagens por emissoras de rádio de Mato Grosso e Capivari (SP). Em São Paulo, trabalhou nas rádios Record, Capital, Globo e CBN e nas TVs Sky e Rede Brasil. Foi editor-chefe do extinto jornal O Fiel.

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