A crise do sistema de segurança pública do Ceará pautou a primeira plenária do “Vamos Juntos”, movimento da coligação “Ceará de Todos” criado para colher de diversos segmentos da sociedade sugestões à administração de Eunício Oliveira se eleito governador do Ceará. O debate aconteceu nesta segunda-feira, 25, na Tenda da Democracia do Comitê Central do candidato em Fortaleza.
Ao classificar de “muito ruim” a atual gestão do setor e comprometer-se em cuidar pessoalmente da política estadual de segurança pública, Eunício foi ovacionado pelos cerca de três mil policiais militares, civis e bombeiros participantes da plenária. “A cada duas horas, um cearense morre tragado pela violência. Somos o 12º PIB (Produto Interno Bruto) nacional e temos a sétima cidade mais violenta do mundo (Fortaleza, segundo a ONG Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal). Isso não pode continuar! Eu, no Governo, irei tomar todas as providências”, assegurou o peemedebista.
Eunício criticou o fato de, atualmente, policiais militares serem submetidos a jornadas semanais exaustivas de 90 horas de trabalho. E reclamou do não funcionamento de várias delegacias por falta de efetivo. Também chamada de Polícia Judiciária, a Polícia Civil – cujas bases são as delegacias – tem hoje no Ceará somente cerca de 2.500 membros para a investigação de todos os crimes cometidos no estado.
O baixo número de PMs (aproximadamente 16 mil) e de bombeiros (por volta de 1.400) foi igualmente lamentado por Eunício. Conforme parâmetros internacionais de segurança, as três corporações deveriam estar com o dobro dos efetivos atuais para terem condições de realizar um bom trabalho preventivo, repressivo e investigativo no Ceará. “Não tem dinheiro para contratar policiais, mas tem para um projeto de US$ 470 milhões, quase R$ 1 bilhão, de construção de um teatro de ópera para atender ao gosto pessoal do atual governador”, acrescentou o candidato.
Para Eunício, os índices de criminalidade só vão reduzir quando o governador trouxer para si a responsabilidade de gerir o sistema de segurança. Algo que acontecerá tão logo ele assuma o Palácio da Abolição, em 1º de janeiro de 2015. “Aqui, se gastou três vezes mais do que em Pernambuco e a violência aumentou 146%. Por quê? Por falta de diálogo! Já no primeiro ano de governo, vamos contratar 1.500 policiais. Para isso, eu já tenho análise de recursos. Mas, se houver espaço fiscal e necessário for, eu ampliarei isso. A segunda coisa que faremos será levar o RAIO para o Interior. Em seguida, vamos fazer a cooperação das polícias. Porque as polícias estão totalmente afastadas”, adiantou.
O peemedebista revelou que, ao contrário do habitual na atual administração, cumprirá as determinações judiciais de reintegração de policiais afastados de suas funções originais. A idéia é firmar termos de ajustamento de conduta (TACs) “para sanar todos os problemas que a lei permitir”. Ele também se disse favorável ao chamamento dos remanescentes de outros concursos quando da abertura de novas vagas. “Farei o que posso dentro das responsabilidades fiscais. Se Pernambuco conseguiu, por qual motivo eu não conseguiria? A segurança pública do Ceará foi destruída. As polícias foram desintegradas. Mas eu não minto pras pessoas. Eu não prometo o que não posso fazer”, ponderou.
Ele lamentou o descontrole da mortalidade no Ceará. Somente em 2013, 4.462 pessoas foram assassinadas no Estado. Uma média de 12 por dia. Neste ano, somente de janeiro a julho, os casos já somam 2.678. A expectativa é de 2014 encerrar perto de 5.000 ocorrências. Um status de guerra. “Nossa segurança precisa de um governador e um secretário que trabalhem 24 horas por ela. Nós estamos num estado de desespero. Não é mais nem de emergência. É de desespero e desmantelo”, caracterizou.
De acordo com um dos principais líderes dos policiais cearenses, capitão Wagner Sousa, as duas demandas mais importantes da categoria são o aumento do efetivo e a implementação de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Ele também queixou-se de perseguições por parte da Controladoria Geral de Disciplina (CGD), da falta de diálogo do atual Governo com os profissionais da segurança e do escasso número de servidores da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) e de agentes penitenciários.
O ideal seria o Ceará ter um agente penitenciário para cada cinco presos. Há localidades em que um agente é responsável por 200 detentos. “Há uma divisão muito grande das forças de segurança no Ceará. E o atual Governo dividiu ainda mais. Dividiu a Polícia Civil em duas e a Polícia Militar em cinco. Nosso desafio é integrar. No Governo do Eunício, os policiais serão ouvidos e atendidos”, frisou Wagner.
Outra liderança dos policiais a declarar apoio a Eunício foi o cabo Flávio Sabino. “Temos apanhado do atual Governo há oito anos. E não é tapa nas costas, não. É tapa na cara! Nós perdemos a autoestima. Trabalhamos por amor. O atual governador nunca visitou um destacamento. Se o senhor olhar por essa categoria, terá seguidores fiéis”, declarou
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