(Heródoto Barbeiro) - Cai o rei de ouro, cai o rei
de espadas. As mídias tradicionais estão sofrendo o efeito dominó. Primeiro
foram os jornais que constataram a fuga dos grandes anunciantes e a queda do
faturamento. Há uma hemorragia de assinantes ainda não estancada. A próxima
pedra a cair é a tevê tradicional, o príncipe eletrônico do século 20, como
dizia o grande mestre Octavio Lanni. Ela esta apoiada em grandes equipes de
produção, jornalistas em todas as atividades ainda que rareiem os recursos para
bancar essa custosa atividade, para falar apenas dos programas informativos.
Essa estratégia resistiu durante décadas, mas se esgotou. Algumas emissoras
tradicionais ainda seguram o faturamento com grandes eventos como campeonato de
futebol, espetáculos musicais para grande público, corridas automobilísticas e
acontecimentos esportivos como a Olimpíada. Graças à nova tecnologia digital, as plataformas na internet, nascem o
jornalismo cidadão. Ele é uma das consequências das mudanças velozes que
ocorreram no ecossistema jornalístico. Ele é um emissor de informações que
podem chegar tanto a um blog como a uma empresa tradicional de
comunicação.
A qualidade do vídeo das emissoras em HD deixou de ser um
atrativo como no passado. O conteúdo, a narrativa, a relevância do tema, se
sobrepõem aos efeitos especiais, edição rocambolesca, som quadrifônico e outras
maravilhas do século passado. Há muitas experiências em curso, por exemplo, os
vídeos de sistema de segurança de lojas e postos de gasolina que mostram
assaltos. As câmeras das rodovias competem com a gravação de acidentes ou de
ação policial. A pequena câmera digital acoplada ao smartphone veio para ficar
e ter uma participação cada vez maior. Mais ágil. É por excelência o novo
captador de fatos sociais que interessam ao público.
O cidadão portador
de um emissor tipo smartphone transmite informações e, quando aprende o que é
noticia, vira jornalista. Mesmo sem entrar em faculdade ou ter uma carteirinha
carimbada, selada e registrada no vetusto livro da DRT. Ele faz jornalismo, se
entender os limites éticos do que divulgam, o interesse público e a perseguição
da isenção. A resistência para utilizar essas reportagens cidadãs se enfraquece
mesmo nas tevês tradicionais, acostumadas ao que chamam de padrão de qualidade
estético. Já há reportagens, nas tevês tradicionais, cuja narrativa é
coberta com imagens dessa nova mídia, como nas manifestações que ocorreram em
São Paulo e Rio de Janeiro. Ou a depredação do estádio Itaquerão pelos
vândalos. E vem muito mais por aí.
Obviamente, a qualidade da imagem é inferior,
mas que empresa de comunicação hoje poderia manter tantos repórteres,
iluminadores, motoristas e cinegrafistas espalhados pela cidade ou pelo
país? Além disso, acirra-se a competição entre a velha e a nova mídia, o que é
bom para a diversidade de versões, logo para a democracia.
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