A Justiça Federal do Ceará autorizou a quebra dos sigilos
bancário e fiscal do senador Cid Gomes (PDT-CE) e do
governador do Ceará Camilo Santana (PT-CE) no âmbito do
inquérito que apura a concessão de benefícios tributários a empresas do grupo
J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, em troca de contribuição para
campanhas políticas. O período do afastamento do sigilo vai de janeiro de 2011
a dezembro de 2017. O pedido foi feito pela Polícia Federal e validado pelo Ministério
Público Federal (MPF).
O inquérito foi aberto com base em depoimentos dos irmãos
Batista sobre doações ilegais feitas ao grupo político de Cid Gomes quando este
era governador do Ceará. Segundo informações que constam do inquérito, em 2010,
Gomes teria pedido aos executivos da empresa doação de R$ 5 milhões em troca da
liberação de créditos tributários em nome de empresas do grupo J&F. Em
2014, um novo pedido teria sido feito, porém, no valor de R$ 20 milhões, com o
objetivo de irrigar campanhas no estado — incluindo a do petista Camilo
Santana, apoiado por Cid Gomes. Diante da negativa da empresa dos irmãos
Batista, o então deputado federal Antonio Balhamann Cardoso Nunes Filho
(PDT-CE) teria interferido em favor de Gomes afirmando que o Ceará realizaria
restituições tributárias da ordem de R$ 110 milhões ao grupo empresarial.
“Nós perguntamos quanto ele esperava de doação, ele falou
que esperava de nós R$ 20 milhões. Eu falei ‘governador, impossível eu
contribuir com R$ 20 milhões, enquanto o Estado me deve R$ 110 milhões e não me
paga. Difícil trabalhar no Estado”, contou Wesley Batista, em seu termo de
delação. “Ele não falou nada. Saiu, falou ‘tá bom, deixar eu ver o que posso
fazer sobre esse assunto", prosseguiu o delator. Em 2014, o estado
restituiu R$ 97,5 milhões em créditos de ICMS à Cascavel Couro, subsidiária da
JBS.
Segundo a investigação, pessoas jurídicas que trabalharam
para a campanha de Santana receberam cerca de R$ 9,8 milhões do valor
depositado pela J&F por meio de contratos fictícios entregues pelos irmãos
Batista à Justiça, enquanto outros R$ 10,2 milhões foram repassados como doação
ao PT e ao PROS, então partido de Cid e Ciro Gomes. Além das quebras de sigilo
de Gomes e Santana, outras 66 pessoas físicas e jurídicas também foram
atingidas pela decisão.
O governador Camilo Santana e o senador Cid Gomes foram procurados, porém,
não responderam ao contato da reportagem. Com informações, O Globo.
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