O governo do
presidente Michel Temer completa um ano marcado pela determinação de
realizar as reformas necessárias para impedir que a economia entre em
colapso e, ao mesmo tempo, para incentivar a retomada dos investimentos e
do crescimento. Mesmo seus mais ferrenhos adversários deverão
reconhecer no presidente Temer a habilidade política necessária para
construir, num Congresso acossado por denúncias e muito malvisto pela
opinião pública, uma maioria suficiente para aprovar as urgentes
mudanças constitucionais, todas elas extremamente impopulares.
À sua maneira, Temer conseguiu, nesse curtíssimo intervalo de tempo – dos 12 meses à frente da Presidência, quase 5 foram em caráter interino –, deixar plantadas algumas importantes bases para que o próximo presidente da República tenha condições mínimas de governabilidade. Não é um legado qualquer, considerando-se que a presidente Dilma Rousseff caiu justamente porque, além de cometer crime de responsabilidade, havia perdido completamente a capacidade de dar rumo a sua administração. O governo da petista, que já vinha funcionando mal desde que ela chegou ao poder, estava paralisado, aprofundando a brutal crise econômica que ela ajudou a criar.
Michel Temer assumiu em 12 de maio de 2016 exatamente com o discurso da “salvação nacional”. Não era força de expressão. Naquela ocasião, o País caminhava para seu segundo ano seguido de recessão profunda, com a redução de mais de 3% do PIB, e o desemprego havia atingido 11,2% – quando Dilma recebeu o governo, em 2011, o índice era de cerca de 6%, e terminou 2014, quando a petista conseguiu a reeleição, em torno de 4%. A inflação, por sua vez, atingiu 9,62% nos 12 meses encerrados naquele maio de 2016, contra 5,9% no ano de 2011, quando Dilma assumiu a Presidência. A alta de preços chegou a 10,67% em 2015, um indicador evidente da degradação da economia.
Mas havia mais. A dívida bruta do País, medida em relação ao PIB, subiu de 60% em 2013 para 74% em 2015, evidenciando o descontrole das contas públicas. Nesse cenário de recessão, desemprego, inflação e amadorismo administrativo, a desigualdade social – contra a qual o governo petista dizia lutar – parou de cair e a renda média dos brasileiros recuou 5,4% em 2015 ante 2014, fazendo com que muitos voltassem a procurar um segundo emprego, o que pressionou ainda mais o mercado de trabalho. Não havia pedaladas ou maquiagem contábil, especialidades do governo Dilma, capazes de esconder o tenebroso fato de que o País estava a caminho da ruína.
Não bastasse a situação catastrófica na economia, Temer ainda teve de conviver, desde o primeiro minuto de seu governo, com o desconforto de ver ministros e assessores acusados de corrupção. Foram oito ministros afastados em um ano e há outros tantos que frequentam listas de suspeitos. O próprio presidente foi citado em parte das dezenas de delações que assombram o mundo político.
É nesse ambiente insalubre, no qual a maioria dos enrascados luta apenas para sobreviver politicamente, enquanto outros se preocupam somente em se manter fora da cadeia, que o governo vem trabalhando, junto com o Congresso, para reduzir os danos causados pela irresponsabilidade do lulopetismo. E até agora, diante das circunstâncias, se pode dizer que foi muito bem-sucedido.
O ajuste fiscal promovido pelo governo Temer adotou o gradualismo, contrastando com a forma destrambelhada com que o governo Dilma tentou retomar o controle das contas. O aspecto mais vistoso dessa estratégia foi a aprovação da emenda constitucional que impôs um teto para os gastos públicos, limitando sua expansão à variação da inflação. Além desse salto civilizatório no trato das contas públicas, o governo Temer encaminhou duas reformas fundamentais, a trabalhista e a previdenciária.
Conforme prometeu há um ano, o presidente tem apostado no diálogo com o Congresso para fazer avançar essas medidas, sem as quais a recuperação da economia é simplesmente impossível. Diante do fato de que não será mesmo popular durante seu mandato e de que as reformas são naturalmente amargas, Temer parece convencido de que seu papel é colocar a casa minimamente em ordem – o que, diante das circunstâncias, já lhe garantirá um lugar de destaque na história.
Texto publicado no Estadão.
À sua maneira, Temer conseguiu, nesse curtíssimo intervalo de tempo – dos 12 meses à frente da Presidência, quase 5 foram em caráter interino –, deixar plantadas algumas importantes bases para que o próximo presidente da República tenha condições mínimas de governabilidade. Não é um legado qualquer, considerando-se que a presidente Dilma Rousseff caiu justamente porque, além de cometer crime de responsabilidade, havia perdido completamente a capacidade de dar rumo a sua administração. O governo da petista, que já vinha funcionando mal desde que ela chegou ao poder, estava paralisado, aprofundando a brutal crise econômica que ela ajudou a criar.
Michel Temer assumiu em 12 de maio de 2016 exatamente com o discurso da “salvação nacional”. Não era força de expressão. Naquela ocasião, o País caminhava para seu segundo ano seguido de recessão profunda, com a redução de mais de 3% do PIB, e o desemprego havia atingido 11,2% – quando Dilma recebeu o governo, em 2011, o índice era de cerca de 6%, e terminou 2014, quando a petista conseguiu a reeleição, em torno de 4%. A inflação, por sua vez, atingiu 9,62% nos 12 meses encerrados naquele maio de 2016, contra 5,9% no ano de 2011, quando Dilma assumiu a Presidência. A alta de preços chegou a 10,67% em 2015, um indicador evidente da degradação da economia.
Mas havia mais. A dívida bruta do País, medida em relação ao PIB, subiu de 60% em 2013 para 74% em 2015, evidenciando o descontrole das contas públicas. Nesse cenário de recessão, desemprego, inflação e amadorismo administrativo, a desigualdade social – contra a qual o governo petista dizia lutar – parou de cair e a renda média dos brasileiros recuou 5,4% em 2015 ante 2014, fazendo com que muitos voltassem a procurar um segundo emprego, o que pressionou ainda mais o mercado de trabalho. Não havia pedaladas ou maquiagem contábil, especialidades do governo Dilma, capazes de esconder o tenebroso fato de que o País estava a caminho da ruína.
Não bastasse a situação catastrófica na economia, Temer ainda teve de conviver, desde o primeiro minuto de seu governo, com o desconforto de ver ministros e assessores acusados de corrupção. Foram oito ministros afastados em um ano e há outros tantos que frequentam listas de suspeitos. O próprio presidente foi citado em parte das dezenas de delações que assombram o mundo político.
É nesse ambiente insalubre, no qual a maioria dos enrascados luta apenas para sobreviver politicamente, enquanto outros se preocupam somente em se manter fora da cadeia, que o governo vem trabalhando, junto com o Congresso, para reduzir os danos causados pela irresponsabilidade do lulopetismo. E até agora, diante das circunstâncias, se pode dizer que foi muito bem-sucedido.
O ajuste fiscal promovido pelo governo Temer adotou o gradualismo, contrastando com a forma destrambelhada com que o governo Dilma tentou retomar o controle das contas. O aspecto mais vistoso dessa estratégia foi a aprovação da emenda constitucional que impôs um teto para os gastos públicos, limitando sua expansão à variação da inflação. Além desse salto civilizatório no trato das contas públicas, o governo Temer encaminhou duas reformas fundamentais, a trabalhista e a previdenciária.
Conforme prometeu há um ano, o presidente tem apostado no diálogo com o Congresso para fazer avançar essas medidas, sem as quais a recuperação da economia é simplesmente impossível. Diante do fato de que não será mesmo popular durante seu mandato e de que as reformas são naturalmente amargas, Temer parece convencido de que seu papel é colocar a casa minimamente em ordem – o que, diante das circunstâncias, já lhe garantirá um lugar de destaque na história.
Texto publicado no Estadão.
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