O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes,
voltou a criticar os vazamentos constantes da Operação Lava Jato. Entre os
incômodos, o jurista destacou o papel da imprensa de conivência aos vazamentos.
Ele disse ainda que os jornalistas precisam “saber ler” e se informar melhor.
Mendes participou de evento da Folha de S. Paulo para discutir a
relação entre fonte e repórter.
"Se eu fosse dar um conselho ao jornalistas, eu dizia:
'Se informem antes, leiam antes, peguem documentos'. É preciso ter jornalista
alfabetizado, que saiba ler", disse ao comentar sobre o despacho que
impediu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de assumir ministério na
época do governo Dilma Rousseff (PT).
A decisão do ministro se construiu a partir de um áudio
ilegal divulgado pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal, em Curitiba.
Mendes diz estava ciente da possível ilegalidade da gravação, mas não evitou
concordar ou criticar a divulgação ao áudio de conversas entre Lula e Dilma,
então presidente. "Eu coloco isso no despacho. O problema também é que a
gente está criando um país de semi-alfabetizados", apontou. "É
preciso entender um pouco a lógica do Judiciário. Jornalista palpita sobre
coisas que eles não conhecem (...) No mundo jurídico, a gente tem mais
especialista que técnico de futebol. É uma ignorância massiva, mas todo mundo
palpita", continuou.
O ministro também sugeriu que jornalistas tinham relação de
"acobertamento" com os "criminosos" que vazavam
informações. Apesar de frisar que não é inconstitucional a publicação de
vazamentos, Gilmar disse que o sigilo de fonte não parte de "direitos
absolutos".
"Me parece que, em determinados casos, eu aceito, acho
uma medida extrema, mas eu aceito até a proibição de uma publicação",
argumentou. O ministro tem protagonizado embates contra a Procuradoria-Geral da
República, sobretudo antagonizando a figura do ex-procurador-geral Rodrigo Janot. (Isabel Filgueiras).
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