O prefeito de
Sobral declarou que a unidade hospitalar “não precisa de ajuda”
(financeira) e sim “de gestão”. Klébson Carvalho, chefe do hospital,
revelou que a Santa Casa possui um déficit mensal de R$ 500 mil.
A Santa Casa de Misericórdia é o
principal hospital da macrorregião de Sobral, atendendo 55 municípios
além da cidade-sede. Anualmente, entre recursos municipais, estaduais e
federais, a unidade recebe R$ 8 milhões; contudo, a administração do
hospital contabiliza uma dívida de R$ 500 mil mensais.
Apesar dessa negativa, o prefeito de
Sobral, Ivo Gomes comentou, em uma entrevista à uma rádio local, que o
problema da Santa Casa está no âmbito da gestão, e não das condições
financeiras. De acordo com Ivo, a Prefeitura investiu R$ 202 milhões,
sendo R$ 95 milhões repassados apenas para a Santa Casa. “O ‘chorôrô’ é
falta de disposição de colocar uma gestão competente e profissional”,
atacou o prefeito.
O diretor-geral da Santa Casa, Klébson
Carvalho, comentou as declarações polêmicas de Ivo. De acordo com
Klébson, que assumiu a direção da Casa em janeiro de 2019, o prefeito se
referiu à falta de transparência observada nas gestões anteriores. “Eu
vejo a declaração do prefeito no sentido de exigir mais transparência,
melhorar a gestão. Por isso, a Santa Casa me contratou e estamos
formando uma nova equipe de gestão”, complementa Klébson.
Ivo ainda comentou sobre a vigia ao
início do trabalho da nova gestão. "Eu estou de olho... E com as
mudanças que aconteceram agora, estou mais de olho ainda. Tem que muito
que melhorar, especialmente pelo tanto de dinheiro que recebe", destacou
o governante municipal.
“A Santa Casa é um hospital de ensino, e
de alta complexidade. É bom lembrar que o ‘Complexo Santa Casa’ engloba
o Hospital Visconde, Hospital do Coração, abrigos de idosos e uma
clínica de hemodiálise fora da Santa Casa”, complementa o diretor-geral
do hospital, explicando que a verba repassada não é direcionada à apenas
uma unidade.
Problemas
“Hoje a nossa Santa Casa tem um déficit
de R$ 500 mil mensais. Então, deveria ter um aporte financeiro aqui de
R$ 700 mil a mais. Mas por que esse valor? Para que haja R$ 200 mil para
fazer investimentos”, informa Klébson. Ele ainda reclama que há uma
década a Tabela do SUS (documento que delimita os repasses aos
hospitais) não é atualizada, em contraste com os gastos que aumentam ano
após ano.
Outra problemática da Santa Casa
apresentada pelo diretor-geral são as demandas equivocadas que chegam à
unidade. “Pela normatização, esse atendimento é projetado para uma
população de 500 mil habitantes, entretanto, a macrorregião de Sobral
envolve 55 municípios e uma população de aproximada 1,6 milhões de
habitantes, população três vezes maior que a quantidade projetada de
atendimento”, revela o responsável.
“Muitas vezes, diversos pacientes vêm
para a Santa Casa sem necessidade, com situações que poderiam ser
resolvidos nos municípios circunvizinhos. A Santa Casa é um hospital
terciário. Por falta de estrutura dos municípios vizinhos, as pessoas
vem com casos de menor gravidade”, reclama o diretor. De acordo com
Klébson, futuramente, pacientes provenientes dos municípios vizinhos só
serão aceitos se houver uma conversa prévia com a Santa Casa.
(Diário do Nordeste)
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