A bancada do Ceará volta a se reunir, nesta terça-feira, em meio a um racha
entre os parlamentares sobre a distribuição das emendas - pedidos de
deputados e senadores para a destinação de verbas do Orçamento federal a
projetos e obras nos estados e municípios.
Uma parte da bancada quer que os quase R$ 250 milhões a que o Ceará
tem direito sejam divididos entre os 25 representantes. Já outros
defendem que metade do dinheiro seja enviado para o governo estadual.
Por trás dessa briga, insatisfações com falta de atendimento das
demandas no Estado e conflitos internos na base aliada.
As divergências ocorrem porque, agora, as emendas de bancada são
impositivas, ou seja, o Governo Federal é obrigado a pagá-las. Antes,
elas eram usadas como moeda de troca entre o Palácio do Planalto e o
Congresso em votações importantes e, por isso, nem sempre eram
executadas. Na última reunião, deputados da base aliada do Governo
Camilo Santana se dividiram.
Questionado sobre o atrito com o deputado federal AJ Albuquerque
(PDT), o senador Cid Gomes colocou panos quentes e disse que
divergências são naturais. "Eu estou defendendo uma tradição: a bancada
reservar uma parcela significativa dos recursos das emendas para que o
Estado possa dizer qual a sua prioridade. É natural pessoas terem
opiniões diferentes".
Quando questionado no último sábado (5) sobre o episódio, o pai de
AJ, secretário de Cidades, Zezinho Albuquerque, do PDT, partido de Cid e
Ciro Gomes, disse que ainda não sabia o que tinha ocorrido e que no
momento oportuno iria conversar com o filho e com o senador. Mas Zezinho
disse que qualquer conflito não é bom.
"Tenho um filho deputado federal, mas ele tem a vida própria dele.
Isso (conflito) não é bom, nenhum constrangimento com qualquer outro
partido é coisa boa. A política é a arte de somar. Eu tenho meus dois
líderes: Cid e Ciro e vou continuar com eles. Eu não estou do lado de
ninguém, estou do lado do PDT", cravou.
Leônidas Cristino (PDT) admite que a última reunião da bancada foi
"pesada", mas minimiza o estremecimento. "Essas divergências acontecem
sempre e depois a gente se une, defende as demandas do governador e dos
nossos municípios e a gente espera que na próxima semana os nervos
fiquem calmos". (Diário do Nordeste).
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