A troca de farpas entre o senador cearense Cid Gomes e o
deputado federal Arthur Lira (PP/AL) expôs, na noite de terça-feira, uma nova
crise institucional entre Senado e Câmara, com o governo federal no meio.
O pior é que o Ceará e o Nordeste têm muito a perder
dependendo do desfecho.
O que mais chamou atenção no entrevero público foram os
termos. Cid disse que Lira é "achacador". Lira rebateu no mesmo tom.
Mas a maior repercussão é institucional e não pessoal.
Em sua fala, o cearense defendeu que o Senado retaliasse
a postura de líderes das bancadas na Câmara. O presidente Rodrigo Maia
disse que o "sucesso da Câmara tem incomodado".
As duas casas estão em pé de guerra pelo protagonismo na
pauta econômica e isso está tendo reflexos que ficam mais claros agora, após a
tensão causada pela fala do senador cearense.
Nesse contexto, os senadores estão ressabiados com o governo
federal por considerar que o Planalto tende a ficar ao lado da Câmara na
divisão dos royalties do pré-sal.
A insurgência do Senado, inclusive, já começou. A derrubada
do trecho da reforma da Previdência com restrição ao abono salarial,
reduzindo a economia em R$ 72 bilhões em 10 anos, foi uma sinalização. E o
governo federal já fala em retaliar numa pauta que, novamente, atinge os
estados, entre eles o Ceará: o pacto federativo, que está sendo conduzido pelo
Senado.
O desfecho dessa novela pode ir parar no Judiciário, como
pensam em fazer governadores nordestinos, caso a Câmara mude mesmo as regras de
distribuição dos royalties do pré-sal. (Inácio Aguiar/DN).
Nenhum comentário:
Postar um comentário