A lista de comunicadores agredidos durante o exercício da profissão
ganhou mais dois casos. Dessa vez, o repórter da CBN, Hermínio Bernardo,
e uma jornalista da TV Globo foram as vítimas. Ambos estavam
trabalhando na cobertura do protesto do Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto (MTST), que ocupou o prédio da Presidência da República em São
Paulo, na Avenida Paulista, na tarde de quarta-feira, 1° de junho. A
manifestação deu vida a um acampamento e se estendeu até esta
quinta-feira.
Em entrevista à CBN, Bernardo contou que estava junto da jornalista
da TV Globo esperando a desocupação e acompanhando a movimentação dos
membros do MTST quando um dos manifestantes se aproximou perguntando de
onde eles eram. "Falamos que éramos jornalistas e que estávamos cobrindo
pela CBN e TV Globo", relata. O homem teria se afastado, segundo o
repórter, mas, em seguida, um grupo de aproximadamente sete pessoas se
aproximou e começou a gritar palavras de ordem. "Eles xingavam muito,
tanto as empresas quanto nós. Foram muitas ofensas até que um homem
visivelmente embriagado tentou me dar um soco", diz.
Bernardo revela que conseguiu desviar da agressão, mas que ainda
assim o golpe atingiu sua orelha. "Depois disso, coloquei o braço na
frente para me proteger e empurrei o homem". A atitude do jornalista fez
com que o grupo de manifestante corresse atrás dele. "Saímos correndo e
entramos em um hotel, que tinha alguns seguranças. Eles conseguiram nos
proteger dos integrantes do MTST".
Após o ocorrido, as equipes esperaram que os manifestantes voltassem
ao acampamento e se dirigiram à Rua Haddock Lobo, que fica próxima ao
Gabinete da Presidência, na esquina da Avenida Paulista com a Rua
Augusta. Bernardo conta que no momento da agressão não havia policiais
por perto. O profissional vai registrar boletim de ocorrência sobre o
caso.
Violência contra a imprensa
A violência contra
jornalistas nas Américas aumentou, segundo a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos
(OEA). “O continente se tornou uma das regiões mais perigosas do mundo
para exercer o jornalismo e as agressões mais graves, como o assassinato
e o rapto, tornaram-se uma das piores formas de censura”, diz a
comissão no seu relatório anual sobre a liberdade de expressão.
No Relatório da Liberdade de Expressão da Comissão se exprimiu a
preocupação pelos 27 assassinatos de jornalistas “em circunstâncias que
poderiam estar relacionadas com a sua profissão”, além de mais 12 casos
em que não foi possível determinar o vínculo com a profissão. A
comissão, com sede em Washington, considerou “alarmante” que, pelo
terceiro ano consecutivo, tenha crescido o número de assassinatos de
jornalistas, uma vez que em 2014 foram registrados 25 homicídios e 18 em
2013.
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