sexta-feira, 3 de junho de 2016

Repórteres da CBN e TV Globo são agredidos durante cobertura de manifestação

A lista de comunicadores agredidos durante o exercício da profissão ganhou mais dois casos. Dessa vez, o repórter da CBN, Hermínio Bernardo, e uma jornalista da TV Globo foram as vítimas. Ambos estavam trabalhando na cobertura do protesto do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que ocupou o prédio da Presidência da República em São Paulo, na Avenida Paulista, na tarde de quarta-feira, 1° de junho. A manifestação deu vida a um acampamento e se estendeu até esta quinta-feira.
Em entrevista à CBN, Bernardo contou que estava junto da jornalista da TV Globo esperando a desocupação e acompanhando a movimentação dos membros do MTST quando um dos manifestantes se aproximou perguntando de onde eles eram. "Falamos que éramos jornalistas e que estávamos cobrindo pela CBN e TV Globo", relata. O homem teria se afastado, segundo o repórter, mas, em seguida, um grupo de aproximadamente sete pessoas se aproximou e começou a gritar palavras de ordem. "Eles xingavam muito, tanto as empresas quanto nós. Foram muitas ofensas até que um homem visivelmente embriagado tentou me dar um soco", diz.
Bernardo revela que conseguiu desviar da agressão, mas que ainda assim o golpe atingiu sua orelha. "Depois disso, coloquei o braço na frente para me proteger e empurrei o homem". A atitude do jornalista fez com que o grupo de manifestante corresse atrás dele. "Saímos correndo e entramos em um hotel, que tinha alguns seguranças. Eles conseguiram nos proteger dos integrantes do MTST".
Após o ocorrido, as equipes esperaram que os manifestantes voltassem ao acampamento e se dirigiram à Rua Haddock Lobo, que fica próxima ao Gabinete da Presidência, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Bernardo conta que no momento da agressão não havia policiais por perto. O profissional vai registrar boletim de ocorrência sobre o caso.
Violência contra a imprensa
A violência contra jornalistas nas Américas aumentou, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA). “O continente se tornou uma das regiões mais perigosas do mundo para exercer o jornalismo e as agressões mais graves, como o assassinato e o rapto, tornaram-se uma das piores formas de censura”, diz a comissão no seu relatório anual sobre a liberdade de expressão.

No Relatório da Liberdade de Expressão da Comissão se exprimiu a preocupação pelos 27 assassinatos de jornalistas “em circunstâncias que poderiam estar relacionadas com a sua profissão”, além de mais 12 casos em que não foi possível determinar o vínculo com a profissão. A comissão, com sede em Washington, considerou “alarmante” que, pelo terceiro ano consecutivo, tenha crescido o número de assassinatos de jornalistas, uma vez que em 2014 foram registrados 25 homicídios e 18 em 2013.

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