A pavimentação
urbana com pedras graníticas oferece inúmeras vantagens se comparadas às outras
alternativas existentes... Senão vejamos:
- Utilização de matéria prima natural abundante em muitos
solos (como o - Aproveitamento de mão de obra
(cortadores de pedra, transportadores de carga, assentadores) local, não
necessariamente superespecializada - Praticidade, agilidade e economia na sua
manutenção e nos reparos de eventuais “defeitos”;
- Capilaridade/porosidade relativa da pedra, oportunizando
infiltração-hidratação do subsolo e dos lençóis freáticos, e portanto
melhorando o clima e a cultura da arborização das vias urbanas.
- Etc, etc, etc,... Além da, máxime quando se trata de
investimento do poder público – leia-se erário, que nunca produziu dinheiro,
tão somente administra a nossa -, economia real que pode ser feita,
oportunizando outros investimentos tão necessários sem comprometer os cofres
públicos.
Não há motivos, mesmo que não sejam técnicos, para contestar
as vantagens dos outros tipos de pavimentação urbana – malha asfáltica, de
concreto ou as modernas pedras intertravadas,
das mais variadas formas -. É claro que elas sempre podem ser opção
quando se faz necessário repensar a geografia e a estética urbana das praças,
ruas e avenidas das cidades. No caso de Sobral, no entanto, entendo como
equivocada, tanto sob o aspecto econômico e principalmente sob o aspecto
cultural, a decisão do executivo
revestir o solo do nosso sítio histórico tombado pelo IPHAN com
pedras intertravadas pré-fabricadas.
Como informação extra, para efeito comparativo: o entorno
da Capela Sistina em Roma - construída entre 1508 e 1512,
tem a mesma pavimentação com calçamento
desde 20 anos após sua conclusão; o coliseu de Roma também é contornado
com pavimentação de calçamento; a praça
vermelha em Moscou - pavimento em pedra feito provavelmente há 1200 anos
-; o Arco do Triunfo/Champs Elysées em
Paris, calçamento com mais de 700 anos;
as ladeiras da cidade de Ouro Preto - calçamento feito por volta do ano
de 1720; e a praça central em Ouro Preto, com calçamento tombado no centro
histórico.
Durante a primeira gestão do Prefeito Cid Ferreira Gomes
ele iniciou uma prática político-administrativa muito interessante: reuniões
colegiadas com representantes das comunidades e das entidades representativas
da sociedade, com direito de voz para opinar sobre a aplicação do
orçamento com sensatez, em benefício real
o maior possível para a cidade e para os
cidadãos. Participei de uma das poucas que houve, porque infelizmente a (boa) ideia
não prosperou; na (reunião) que estive presente, quando se discutia o “furor”
asfáltico que a cidade começava a sofrer, eu questionei ao engenheiro civil
Cid, mais que ao prefeito, sobre o impacto ambiental e climático – numa Sobral
de 40 graus à sombra em algumas épocas do ano - daquela decisão da
administração dele; fiquei sem resposta, técnica ou político/administrativa.
E até hoje não consegui compreender a necessidade de se
asfaltar cada rua, viela ou travessa da nossa cidade; das pistas de rolamento
às coxias, sufocando de morte inclusive as poucas árvores existentes em cada
uma delas. Alguém mais deve ter notado que a sensação climática – leia-se
temperatura média – por aqui só fez foi aumentar. E mais ainda quando já na gestão segunda do
ex-prefeito Leônidas Cristino, novamente sem consulta prévia à população, e ao
que parece sem parecer da AMMA, ao menos 70 árvores já com copas frondosas
foram literalmente arrancadas pela raiz para dar passagem aos trilhos do VLT.
Desde lá – o furor asfáltico – até cá (as árvores
/trilhos do VLT), entre os sobralenses mais céticos mas nem por isso menos preocupados com a
qualidade de vida de cada um e de todos; e com as responsabilidades e a
transparência que devem ser “cláusula pétrea” de toda administração, se
implantou uma dúvida que não tem querido calar: há algum interesse maior que
não o bem público – que é de todos- e a saúde do erário – dinheiro de todos –
orientando essas decisões que, repito, me parecem muito equivocadas?
Concluo portanto, aceitando qualquer ostentação: técnica,
administrativa, financeira ou política, conclamando a quem de direito me
convencer sobre as vantagens para o patrimônio histórico-cultural de Sobral e
para o seu erário, da repavimentação do seu
sítio histórico com pedras intertravadas
e não com pedras de calçamento. Aliás, segundo um amigo meu, conhecedor
profundo da nossa história e do seu patrimônio cultural, se a decisão tivesse
sido pelas pedras de calçamento, nem repavimentação seria necessária, porque
elas já estavam lá, recobertas pelo manto asfáltico; aquele do furor que se
iniciou anos atrás.
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