quinta-feira, 26 de abril de 2018

Prefeito e vice de Tarrafas têm mandato cassado e ficam inelegíveis por oito anos


O prefeito do município de Tarrafas, a 458 km de Fortaleza, e seu vice tiveram os mandatos cassados em decisão da juíza Carliete Roque Gonçalves Palacio, da 18ª Zona Eleitoral de Assaré. Tertuliano Cândido Martins de Araújo (PP), conhecido como Taiano, e Cícero Palácio Rodrigues (PP), chamado de Cícero Bobim, eram acusados de comprar votos durante as eleições municipais em 2016. A decisão, publicada nesta quarta-feira, 25, impõe a realização de novo pleito na cidade. Ex-chefe do executivo municipal se diz inocente e atribui denúncia à “disse-me-disse”. 

Conforme o despacho, o grupo de oposição a Tertuliano ingressou as denúncias afirmando que a chapa não mediu esforços para comprar votos em troca de empregos, materiais de construção, exames médicos, telhas, tijolos e motocicletas distribuídos aos eleitores. Até a escavação de um açude está entre as denúncias. A acusação também forneceu uma agenda de uma correligionária da dupla com anotações sobre o aliciamento de eleitores. 

Já a defesa alegou que os indícios apresentados eram imprestáveis e frutos da falsificação de documento particular. Quanto à agenda, os advogados afirmaram ter sido obtida através de furto e, em seguida, adulterada pela acusação. 

A juíza sustenta que as anotações foram submetidas à perícia da Polícia Federal. A conclusão aponta para semelhança entre a grafia de todas as informações na agenda. Para ela, esse quadro de convergências sustenta, “com um grau de certeza acima de qualquer dúvida razoável”, a veracidade do material. Ela aponta ainda que o furto da agenda só foi denunciado pelos réus dois meses após o evento supostamente ter ocorrido. 

As evidência, somadas ao testemunho de eleitores, levaram a juíza a determinar a cassação da dupla e impor sanção de inelegibilidade por oito anos, além de pagamento de multa no valor de R$ 10 mil. 

Inocente

Em entrevista ao O POVO Online nesta quarta-feira, 25, Tertuliano disse que irá recorrer da decisão junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). “Vamos recorrer porque a decisão não tem prova robusta que leve à cassação do mandato. Vamos aguardar o TRE”, disse. 

O ex-prefeito garantiu ser inocente das acusações. “Isso é questão de disputa política. Nosso grupo político conseguiu cassar o mandato da prefeita da oposição em 2012, agora pediram o nosso. É questão de politicagem, disse-me-disse, coisa de cidade pequena”, apontou.

Igor Cavalcante (colaborou Amaury Alencar)

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